Posts

Showing posts from May, 2020
Image
             SOULAGES  I               ECO (EGO) A recordação de um ano mau        2009       uma fissura numa tatuagem sobre uma película transparente                                                 já rasgada. A luz perdeu-se ou foi modificada. A mudança nestes olhos castanhos alterou a dor e no seu acordar lento e forte a noite surgiu. Recorda-te corpo o negro ano de                                                   2009 e retrospetivamente visita o Pompidou em busca do outro das linhas negras do gesto. Dos amantes nas longas escadarias. Imprecisões digitais em pedra. O arroz e o milho partilham em comum a capacidade de ser o todo na junção do particular.       (corta esfola atira repinta) Gota poema e toda a memória e emoção será recuperada ou criada. Este é o poema que diz               a               negação do esquecimento.                Pedra negra               corpo e matéria putrefata
Image
LINHA AMARELA                                   a Paulo Bruscky               Atenção cuidado com o vão                entre a imagem e a evocação.
Image
                ESPAÇO HERMÉTICO DE VICTOR BRAUNER   em memória de   Luíza Neto Jorge Aprisionados ~ pequenos ^^ insetos * - corpos maciços   ~ ^ sem asas Condensados em si adormecidos ou despertos ao futuro. Boca-peito pernas-caranguejo Ventre-flecha homem-relógio Criança-coração perdidos na linha inclinada da vida rasgam em nós a barreira do Tempo. Flutua agarrado às pernas de pé “petcheno” solta a roleta do visível traz no circular exercício a perdida visão do mar. Praia ou estúdio? Talvez apenas a imaginação de um olho.
Image
                      DE KOONING “Eu evito “acabá-la”. (…) E estou sempre algures na pintura”                - De Kooning                                I Se De Kooning fosse português teríamos apenas dois quadros e seis desenhos. Portugal – essa entidade abstrata mistura de bom e ruim – teria como bem sabemos amordaçado o seu pescoço até ao último sufoco. Tê-lo-ia cedo pendurado na praça do gozo e do desprezo. Seria apenas mais um entre vários suicidas! Tê-lo-ia silenciosamente enterrado num qualquer cemitério de província. Mas cinquenta anos depois teria já feito as devidas homenagens. Nasceriam assim penas e penas escritas em antologias elogiosas. Iria pedir a todo e qualquer poeta de serviço poemas dignos de limpar o cu. E aos prosadores (onde andam esses?) teria pedido longas narrativas para encher o fosso daquilo que meteu no lixo. Recuperado o artista era agora possível estendê-lo como uma pastilha elástica por todo o ret
Image
                    LUSITANO(S) “If you wanna be my lover, you gotta get with my friends ”                    - Spiece Girls                                                          a Tiago de Sá, meu Watteau                               I À porta a pergunta era sempre a mesma Quem vai entrar primeiro? Entrar por último era ganhar o troféu de ser por dois segundos o raio ofuscante da noite aquele que acabaria por chamar ao falso hímen todos os olhares da barroca sala. E o queixo fazendo um arco de cinco centímetros dizia a todos I’m here bitches! Jorge entrava sempre em primeiro lugar quanto menos leões olhassem para ele melhor conseguia assim rapidamente chegar ao bar e pedir tranquilamente o copo com duas pedras de Whisky. Tinha o hábito de fugir de relações fúteis como o diabo fugia da cruz dizia ele antes de entrar. Mas era o primeiro ao fim de três bebidas a mudar a pele de cordeiro por uma novíssima de verdadeiro lobo. E