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Showing posts from August, 2021
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  O BEIJO DE JUDAS Ao longe vê Jesus as sandálias de Judas. Nos seus olhos tristes vê o peso dos séculos de escárnio ao seu nome.   Parado encaminha o seu rosto aos lábios de Judas.   A cruz e a força o sangue e a agonia numa aliança entre o Sacrifício e o Arrependimento.                                                  (11.12.16)                                               do livro "Dentes Tortos" (2017)
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       A DEPORTAÇÃO        DE IBBI-SIN   A tua fina pele revestida a lápis-lazúli e ouro quente foi lançada ao chão lamacento na velha rua por onde em carros passaste.   Da dor dos outros pouco conheceste. A alta coroa e os chifres do touro negaram-te a cor do sol e o rosto mais próximo. Talvez tenha sido apenas a pintura negra dos teus olhos que te escureceram o coração.   Hoje levado à pressa conheceste o pó de ser escravo. Homem feito de carne que sangra não és o filho da lua mas mera rã no charco da vida.                                                 (18.06.17)                                            do livro "Dentes Tortos" (2017)
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               A BURGUESIA   A melhor forma de elogiar a burguesia é fazer uso dos seus mais antigos utensílios: a chibata o chicote  o alicate   o AZORrague.
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                    UNTITLED                  oU o poema em U        SegUe o habitUal percUrso expositivo        Um percUrso singUlar insUlar:         Um nascimento de SOL & MAR            Um liceU Antero QUental              Um ticket in New York City                 Um ArqUipélago de portas abertas                    Um Celofane para o Karaoke bar                       Um vídeo para o MUseu do Chiado   Só resta      Uma aqUisição EXTRAORDINÁRIA de      de algUns milhares para a  c oleção      Regional De Arte  Contemporânea do...                            do?   Do ArqUipélago, claro. E a qUalidade? Essa  também                                        emigroU!
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                           O CONVITE                                                                                                 O artista é um bicho que não come!                                                                                   - Raul Milhafre                            -  Take 1 -   Caro excelentíssimo magnânimo poeta consagrado pelas tribos do Oriente venho por este meio convidá-lo a participar na nossa revista com o seguinte e esbelto texto da  SUA  autoria.             Nele deve constar: Um hino ao Presidente da República Uma epígrafe ao Magistrado e ao Capitão do Donatário Uma Ode ao morto mestre Tamperto Uma referência ao Templo da Glória Uma referência aos bons constumes insulares Uma vénia ao consumo do Ananás e do abacaxi Um verso ao Natal ao Carnaval ao Dia de Namorados Uma quadra a Nossa Senhora a S. José e São Bartolomeu Uma narrativa com princípio meio e fim de encher chouriços              (o morto mestre Tamperto não aprecia James Joyce!)   Sob todo
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  A LILIPUTIANA - em sete andamentos - Qualquer semelhança com a realidade não é pura ficção           - Raul Milhafre (n.1932) I         Como poderão ver, escrevo este texto com a ajuda de vinte e três citações de filósofos franceses, e, como não poderia deixar de ser, com a ajuda de um Gin- Trópico [1º erro] com uma casquinha de limão. Este gin nasceu-me fulgurantemente entre as mãos, tenho esta capacidade de usar a ferocidade para fazer de uma simples bebida importada um verdadeiro valor cultural. Compete-me, como unicórnio central da planície da Liliputiana, separar aquilo que é cultura daquilo que não é. Do mesmo modo, esta minha bela t-shirt dizendo I AM NOT A VAMPIRE I’ M JUST STUPID é um reflexo da etnografia local, do espaço entre a AchaSardinha [2º erro] e a Sarga [3º erro]. Uma peça extremamente delicada para ser importada ou exportada. II Esboço para as Causas da decadência das tribos literárias da Liliputiana        Depois de um período áureo, a queda