LABAREDAS O fogo sobrevindo discernirá e empolgará Heráclito aos censores de Lisboa Tínhamos de aceitar o mundo como nos era dado. Tínhamos de acolher tão tosca essência sem recusar ou abrir afiado bico. Era a lei da selva! Por isso em força Acusei-o! Fui imediatamente banido fracamente amordaçado falsamente decepado - Mãos Braços Língua – e pude assistir sozinho do alto e velho penedo o consumir da Cidade. Era a chama transparente dilacerando o grito da fúria – a despertada pela pena "sem" Língua. E se Língua houvesse já nem cidade haveria!
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O VELHO DA TRINCHEIRA DE “FOGO” "O Pikachu não gosta de legendas de poesia ." - Raul Milhafre O velho do “fogo” (ou seria do isqueiro bic?) colecionava paisagens secas do interior desenhos de netos sobrinhos netos alguns de velhos filhos. Vivia rodeado de bibelots! E enquanto distribuía testamentos de poeta e minhocas aos rouxinóis cantava sossegadamente como pequenino melro. Cantava cantava a velha canção repetitiva do velho esquecido no monte. U ma canção que começava por O gato moço
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O DEFORMADOR PROFISSIONAL Da pacem Domine - Arvo Pärt Na velha Cidade da Língua rodeada de muros e muralhas andavam todos sossegados sentados nos seus confortáveis e macios sofás de certezas esticavam as cansadas pernas esticavam os doridos braços os olhos de tanto ler a língua de tanto ver e cansados lá ficavam imóveis dias meses anos E descansados ganharam mais certezas umas atrás das outras certezas inabaláveis umas sobre as outras escritas com letras que se uniam. Intocáveis! E assim chegado o deformador deformando o verso a palavra fez cair do sofá mil de uma vez dez mil de outra vez deformou tanto que lhes deformou as certezas o sono