O Olho Tenebroso

               - DONA SARMENTO - POETISA PROVINCIANA DE LISBOA*   Eu sou Poetisa!   Sim poetisa da mais alta categoria da província de Lisboa. Obviamente que Lisboa não é província porque aqui todos nós somos (ainda) Metrópole Capital Império colonizador. Pois Claro! O meu sonho era ser modelo da capa da Boys Let’s Fuck! ou até ser a bela da L´Oreal mas não consegui. Fiquei-me apenas pelo Ó bem fundo se é que me conseguem compreender! E apesar de todos os meus ricos esforços para trazer ao público (não pronvinciano desta bela Lisboa) esta minha esbelta cabeleira que tanta inteligência esconde consegui ir além do horizonte medíocre. Imaginem: ser júri de um Internacional (dizer Internacional com sotaque britânico) e fazer com que a Natália Correia risse bem alto lá do fundo na sua tumba! Isso porque nenhuma outra inteligência me é superior e porque já toda a gente sabe que em Lisboa só há gente   (obrigato- riamente) inteligente

                   AÇORES VINTE MIL E VINTE SETE   SEJAM MUITO BEM-VINDOS AOS AÇORES VINTE MIL E VINTE SETE!   Dizia a letras garrafais a faixa sublime pendurada naquilo que restava da velha ponte dos nove arcos. Neste magnânimo ano podemos finalmente enumerar os altos melhoramentos para o Turista - este ser que sustenta o sol de manhã até ao fim do dia!   Ora Vejamos: A avenida marginal do norte da ilha foi hoje – dia de abertura da feira – finalmente inaugurada! Nela podemos   ver o mar vermelho por onde dizem ter passado o segundo Moisés Hermético que há memória cá na ilha. Primeiro                                                      desastre!   As portas da velha cidade foram finalmente encimadas segundo os desígnios da velha ordem insular. Aquela que sobrevive nos velhos pergaminhos de ouro dos que se autoproclamam juristas do bom gosto!                                  Segundo desastre!   Ainda vive. Quem? O último Necromante