O RELÓGIO DE CUCO Na velha sala aristocrática o velho pintor cheio de medalhas desfilava pela tarde todos os enormes troféus de luz. Amontoara prestígio e troféu atrás de troféu ganhara subtil voz! Parecia um Benfica na província! De pantufas e robe de cetim pedia clemência todas as vezes que o cuco vinha retirar-lhe mais uma preciosa hora à sua garganta de seco melro. Insistente o relógio ditava hora após hora novo parâmetro novo rumo nova e roubada ideia e isto irritava a luz da velha galáxia. Era ao grito do cuco que lhe lembrava da lista de pessoas a que devia pedir desculpas pelo uso e abuso da sua inteligência . Como bom artista que era sabia bem que não tinha ego para suportar outro de menor porte. Assim era ele na sala de pantufas onde ditava longas ideias inteiramente origi nais fruto de muitas leituras - a ler e a roubar a tantos outros. Mas estava convicto como bom artista que era que tudo o que tinha era exclusivamen
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Showing posts from April, 2021
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A PORN.ÉTICA de Sob a Árvore da bananeira (livro nunca encontrado nunca visto) a Maria Madelena Quero que este poeta se foda! Que seja um digno pintelho azul marinho um digno surrealista dos salões da analítica. Quero (já disse!) que este poeta seja uma blica (procurar significado nos dicionários açorianos) Quero que seja um colhão um idiota com título um mamilo de porco um pé de boi um vibrador enfiado no próprio cu! Quero (gosto tanto de querer) que seja um mísero buraco anal mas um com muito sal! Quero (oh quero muito) um assento de cadeira para nela me sentar com fato e gravata e ter uma real barba uma que arranhe as virilhas das minhas amadas e dos meus amados e me define não Afrodite mas (para não restar dúvidas) Macho Viril! E venha a Dona Margarida Nossa Senhora e Ministro Rei entregar-me o pénis que é só meu! Quero ter entre as pernas um gelado de morango um que sirva (à falta do meu)
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TRÊS POEMAS CENSURADOS NO ANO DA DESGRAÇA 2020 I CANTIGA DE ESCÁRNIO Outro dia Don’Ana disse coisa que cá sei anda ego de banana nesta cidade de el-rei. Sem que soubesse ali vestiu carapuça de tamanho S. Falou comigo como nada houvesse e assim também o fiz sem que lhe dissesse. E Don’Ana ali julgou ser rica mulher inteligente. Tapou-a a carapuça de tamanho S. Sempre insonsa aqui lhe achei mas nunca tão pouco sal em escárnio encontrei. Don’Ana vê mil coisas sobrepostas mas vai uma aposta que nem acerta numa porta? Sem saber fica entre portas a ver as linhas tortas a esvoaçarem meias postas! Don’Ana da cidade de El-rei quis gozar o mestre fora da lei. E agora perguntem lá afinal quem é o
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AS MIOPIAS DE TAMPERTO Porventura sou eu, Mestre? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste São Mateus 25:23-5 I COMO SE FOSSE POR ELES Não sou mulher de enredos, como tu sabes, mas sabes quem vem por aí? Aquele. Aquele que não posso dizer o nome. Xiu, está calada! A criatura vem a pensar que isso aqui é o paraíso, mas vai-se dar mal. Mas vai-se dar mal! Olha, por mim, não lhe estendo a mão! Tu leste aquilo que ele escreveu. Ai não? Que isso aqui era a decadência total, onde já se viu isso? Nós temos tudo, temos um shooping, esta avenida marginal que nunca mais acaba, temos até um Arquipélago aqui perto! E ele chama-nos decadentes? Ai, não se admite uma coisa dessas! Ele nunca disse isso? Ai não disse? Não disse? Então o que foi que ele disse? Eu não li nada, quem me disse foi o Jorge. Ah, fo