A PORN.ÉTICA
de Sob a Árvore da bananeira
(livro nunca encontrado nunca visto)
Quero que
este poeta se foda!
Que seja um digno
pintelho azul marinho
um digno
surrealista
dos salões
da analítica.
Quero (já
disse!) que este poeta seja uma blica
(procurar significado nos
dicionários açorianos)
Quero que
seja
um colhão
um idiota com título
um mamilo de porco
um pé de boi
um vibrador enfiado no próprio cu!
Quero (gosto
tanto de querer)
que seja
um mísero
buraco anal
mas um com
muito
sal!
Quero (oh
quero muito) um assento
de cadeira para
nela me sentar
com fato e gravata e ter
uma real
barba
uma que
arranhe
as virilhas das minhas
amadas e dos
meus amados e me define
não Afrodite
mas
(para não restar dúvidas)
Macho Viril!
E venha a Dona Margarida
Nossa
Senhora e Ministro Rei entregar-me o pénis
que é só meu!
Quero ter
entre as pernas
um gelado de
morango
um que sirva
(à falta do meu)
o devido triste
efeito. E
que enfeite
as flores
da mais
tenebrosa
madrugada aquela que só eu
consigo lamber.
Quero (Ó meu
Deus como quero!)
que este
poema seja
um temporal
um útil e abanado retrato
de idiota lá longe para
que eu possa à lista imemorial dos
esquecidos da
década
entrar!
Quero (Quero muito)
que este
poema queira e
me salve
das agonias do barroquismo
do ar e do mero
oco.
Quero
Quero quero
quero quero
(eu já disse
que Quero!)
listas
infindáveis de objetos infindos
e outros desejos findos!
Quero isto e aquilo e o contrário de
tudo isto! Quero sobretudo que
o real poeta desprezado
dê de caras com este tormento e que
da unha do
pé à ausência
mais notória
(a barba ainda por nascer?)
me dê
humildemente
ATENÇÃO!
Para que este meu
puro gesto
possa entrar pela
porta
principal
das anedotas
eternas!
Vítor Teves
23.04.2021 1ºversão
Comments
Post a Comment