NOVOS CLICHÉS DA POESIA

       CONTEMPORÂNEA

 

Se houver aqui alguma morte

veneno ou assassinato a

culpa será dele (hoje toda

a mulher é inocente mesmo

se for a cascavel das arábicas).

E no desentendimento que há

sempre entre um ele e uma ela

ela será sempre a inocente. Não

admira! É com ela que podem

ganhar uns eventos jantares.

Se houver cães ou cadelas por

perto o cão será condenado a

vaguear longe ou a morrer de

fome ou somente a contentar-se

com velhos e feios duros ossos

ao passo que a cadela será

louvada em altar de falsa prata.

Se filho houver será um filho

ora babado pela mãe ora uma

fera oculta sob a saia da mãe.

Aqui chamarão Freud e todos

os psicanalistas menos o amor

mais puro de quem ama o outro.

E como sempre não faltarão

as mil mortes anunciadas a um

ele ou a um Tu distante que –

bem sabemos – morrerá num

deserto sem água ou num mar

sem fogo sempre sob o sol.

 

Como é saudoso já o tempo

do repetido lírio!




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