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       AS FRALDAS DA OXÓNIA   E viu logo uma mantilha que se usava como fralda           - Jorge de Sena                              I O ENFERMEIRO DE HELSÍNQUIA     O sonho do enfermeiro de Helsínquia é mudar as fraldas da Oxónia por ligaduras de prata. Enquanto lhe vai lambendo o cu vai declamando versos da Patti Smith que encontrou um dia numa Livraria. Depois desta epifania - que lhe trouxe nova t-shirt com Rimbaud - nunca mais mudou a t-shirt com Rimbaud. E nunca mais saiu do bacalhau de Trás-os-Montes! Mãezinha, Oxónia dá-me berço! Dá-me crédito entupido além Tâmega!   Mas isso de bater em máquina antiga   - matraqueador igual ao da Sertã - nunca foi garantia de alta jeropiga                                    nem espiga! Alguém que dê-lhe cinco cêntimos! Pois só consigo dar-lhe dois!   Há patinhos de borracha com maior tesão em verso!                        II OS BEIÇOS DA KARENINA     Então já chegaste à Imp
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     NOVOS CLICHÉS DA POESIA        CONTEMPORÂNEA   Se houver aqui alguma morte veneno ou assassinato a culpa será dele (hoje toda a mulher é inocente mesmo se for a cascavel das arábicas). E no desentendimento que há sempre entre um ele e uma ela ela será sempre a inocente. Não admira! É com ela que podem ganhar uns eventos jantares. Se houver cães ou cadelas por perto o cão será condenado a vaguear longe ou a morrer de fome ou somente a contentar-se com velhos e feios duros ossos ao passo que a cadela será louvada em altar de falsa prata. Se filho houver será um filho ora babado pela mãe ora uma fera oculta sob a saia da mãe. Aqui chamarão Freud e todos os psicanalistas menos o amor mais puro de quem ama o outro. E como sempre não faltarão as mil mortes anunciadas a um ele ou a um Tu distante que – bem sabemos – morrerá num deserto sem água ou num mar sem fogo sempre sob o sol.   Como é saudoso já o tempo do repetid
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 OS GÉMEOS                                                                                     Talvez o diabo, talvez a mãe                                             talvez o crocodilo, talvez                                              somente a puta que vos pariu!                                                  - Raul Milhafre Um escrevia desde o aperto de mão ao Saramago [aí nesse tempo a coisa ainda se justificava!] até às recônditas paisagens do Brasil! Nenhuma Máquina pós-moderna vendia ou produzia tanto papel! Havia inclusive quem com o mapa-mundo do gémeo primeiro comprava quilos que raramente lia ou se os lia lia muito apressadamente! Nem Teófilo Braga no seu maldito tempo! No desgaste de duas décadas e de tanto saltar de Borges para Kafka e de Kafka para a fábula e da fábula para Borges acabou por ir vender a alma ao Diabo! E assim já com novo contrato assinado veio o Diabo sentenciar a dupla desgraça: de tanto acusar a banalidade e a produção