OS GÉMEOS
Talvez o diabo, talvez a mãe
talvez o crocodilo, talvez
somente a puta que vos pariu!
- Raul Milhafre
Um escrevia desde o aperto de
mão ao Saramago [aí nesse tempo
a coisa ainda se justificava!] até
às recônditas paisagens do Brasil!
Nenhuma Máquina pós-moderna
vendia ou produzia tanto papel! Havia
inclusive quem com o mapa-mundo
do gémeo primeiro comprava quilos
que raramente lia ou se os lia lia
muito apressadamente! Nem Teófilo
Braga no seu maldito tempo!
No desgaste de duas décadas e de
tanto saltar de Borges para Kafka e de
Kafka para a fábula e da fábula para Borges
acabou por ir vender a alma ao Diabo! E assim
já com novo contrato assinado veio
o Diabo sentenciar a dupla desgraça:
de tanto acusar a banalidade e a produção
desenfreada sem nexo
saiu-lhe em aborto novo irmão (primeiro) – igual:
os mesmos memes as mesmas piadas de café
as mesmas tiradas curiosidades e misturas!
(tudo “doce” fragmento!).
Juntos (depois) procuraram alertar – disseram eles - para o fim
da Poesia. Mas juntos – igualzinhos: a cara de um
o cu do outro – desfilavam já em desastre
pelos escaparates da Bertrand. Quem diria?
Quem diria? Apostaram tanto
venderam tanto e hoje são - juntos - o
fim da Prosa!
Vítor Teves
07.09.2023
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