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Showing posts from February, 2022
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               DA REFORMA             - À hora do almoço -   Quero aqui anunciar aos meus queridos e altíssimos nobres leitores de que me vou reformar das letras. A flecha acertou-me em cheio e já não consigo levantar as costas nem as costas nem o ego do meu lado direito. É por isso que me vou. Oh amargurada vida das letras sonhei ser um Prado Coelho e acabei tão tristemente na gaveta de todas as cuecas cor-de-rosa choque!            - À hora do jantar -    Quero anunciar que depois de muitos pedidos de gente humilde e inteligente (a mesma multidão que pediu Barrabás) que não haverá reforma antecipada  para as minhas nobres letras e canções de embalar. Só eu governo esta cidade! Só a ela me consigo agarrar como a este triciclo de três rodas e campainha luzente.                                                                                   Vítor Teves                                                                                    
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  NA ENFERMARIA   Nós aqui neste gabinete de dois metros por dois metros não censuramos ninguém não atiramos pedras a ninguém não obedecemos a ordens de e-mails nem sequer damos importância a polémicas que nos aborrecem de morte! A não ser quando nos mordem os pés sacerdotisas do Sul usurpadoras do Oeste             insignificâncias do Atlântico! Dizia a criatura revestida a Ego Branco convicta das palavras que usava! Aquela que dizia ter transformado César em Joaquinha . Tão ridícula cagando soberba em todas as revistinhas de merda do país. Maior o verso pior o cheiro!   E quando me afastei do morto bairro vi sua Excelência a aproximar-se ansiosa do microfone veio anunciar que aquele que se afastou por livre vontade era – imaginem - o Ser   Expulso! Há que torcer em Portuguese Palace os panos certos não é assim? Sena rir-se-ia de tão pedante cena.   E aproveitando a deixa ainda quente da pupila veio o
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  O TEU MARIDO   O teu marido faz poemas em linha murcha (mau presságio)! São linhas dessas  que se encontram facilmente à saída da missa de domingo. Onde? Nas cortinas que cobrem as paredes onde todos passam as mãos. São “poemas” - diz ele - que lembram penduradas bananas (e como tão bem se aplica a imagem ao visado) estendidas por quatro páginas a fingir de imponente a fingir de poema glorioso - falhado poema desde a nascença! É essa a condição a mesma condição escorregadia do vómito que tão bem o leva à lareira. Não ao fogo - porque nem o fogo estimula -              mas   à cobertura da lareira. Aquela gota que sem peso cai a pique. E como é triste esta visão de um “poema” gota escorrendo na pobreza da parede sem que ninguém o venha acolher. Nem mesmo uma esposa coroada manhã cedo pelos louros que tão bem merece a Grécia.            *   Para quê novo caderno n