AS FRALDAS DA OXÓNIA
E viu logo uma mantilha
que se usava como fralda
- Jorge de Sena
O ENFERMEIRO DE HELSÍNQUIA
O sonho do enfermeiro de Helsínquia
é mudar as fraldas da Oxónia
por ligaduras de prata.
Enquanto lhe vai lambendo o cu
vai declamando versos da Patti Smith
que encontrou um dia numa Livraria. Depois
desta epifania - que lhe trouxe
nova t-shirt com Rimbaud - nunca mais
mudou a t-shirt com Rimbaud. E nunca
mais saiu do bacalhau de Trás-os-Montes!
Mãezinha, Oxónia dá-me berço! Dá-me
crédito entupido
além Tâmega!
Mas isso de bater em máquina antiga
- matraqueador igual ao da Sertã -
nunca foi garantia de alta jeropiga
nem espiga!
Alguém que dê-lhe cinco cêntimos!
Pois só consigo dar-lhe dois!
Há patinhos de borracha
com maior tesão em verso!
II
OS BEIÇOS DA KARENINA
Então já chegaste à Imprensa
Nacional Casa da Moeda?
Muito mérito tem teu pai!
E pensas mesmo assim
ter chegado ao lado certo
da História? Logo tu?
Todos nós sabemos:
o Fernando o Zarolha
os versos de Herberto traziam
todos certidão de nascimento
e chegaram todos aos cinquenta
à Imprensa Nacional Casa da Moeda!
Pinta os beiços Karenina
(muito os beiços e sorri!)
enquanto é tempo Karenina!
Usa esse teu tempo de vagina
e defende a tua fraca esquina.
Oxónias e outras lésbicas de crina!
Escusado será dizer que o tempo
segurar-te-á por pouco tempo!
Mas isso todos nós já sabemos!
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