"Em tempos de peste não se limpam armas ... nem se sacodem
                                                                                   velhos bordados cheios de pó"


    SACO DE BOXE


O novo saco de boxe apareceu
pendurado da noite para o dia
no átrio principal do velho edifício.
Toda a criatura de nome passou a
ter por objetivo passatempo irritação
bater no novo saco de boxe.
Havia que deixar a marca no saco
que iria dar alguma existência aos
esquecidos nomes da velha cidade.
Assim em fila todos iam batendo
no novo saco e o saco remexia-se.
Por vezes balançava e no balanço
metia-os a todos no chão com
enorme e barulhento estrondo.
Mas continuavam havia que deixar
a marca de que estavam vivos
a marca da sua pequena existência
sobre a pele negra e brilhante do
novo saco de boxe da cidade.

Bateram tanto que o desprezado
saco tornou-se com o tempo relíquia
e a marca irredutível do seu tempo.
Das mãos que outrora batiam das
leves moças nada ficou registado
no resistente saco novo de boxe.
Nem uma unhada nem a mais intensa
irritação no novo saco de boxe.



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