ENGASGÁTICA

- A OLIVEIRA DE VISEU-


 

                             I

 

Primeiro havia que viajar

engravidar     dar       ar

Ler retórica Bloom Flaubert

discorrer e correr pelos corredores

certos

para

           finalmente

virados 60 anos

chegar aos escaparates da Bertrand.

 

Diziam que aquilo era Boa poesia!

Mas no fundo não passava de uma fraca

oliveira espinhosa: pouca azeitona

alguns espinhos.

            Nenhum me furou a pele

nem mesmo o atropelamento das

carruagens de vocábulos alemães.

 

Resumindo 

- e dando-lhe aquilo que

ela pediu – uma resposta –

 não passa de

uma alma com pouco azeite.

 

                               II

Rosa Orgasmo pós-60

(quem?)

diz no seu exercício de paráfrases

que Devia ser proibido escrever

antes de saber escrever.

Num primeiro momento ela tem razão.

Sim Razão. Ouviram bem!

Porque ter Razão é articular bem o

discurso e sobretudo transpô-lo ordenadamente

para o papel. Mas eis que começa o seu erro!

Não um desses erros forçados para criar riso

ou perturbação

mas o seu Real Erro

  - aquele que nem ela se deu conta!

 

Antes de todo e qualquer

saber escrever

é preciso (e isto sim é mais importante!)

saber Ver. E porquê? Porque saber escrever não é

apenas saber transcrever a ortografia estipulada do momento.

                                      A escrita está para além disso!

 

Ver é aquilo que abre a vala

o buraco.

O buraco no qual todas as marrecas

 sem visão

caem.

 

Devia ser proibido (isto sim!)

escrever sem primeiro ver. E quem diz ver

diz  - obviamente - pensar.

 

A sua falta de visão é disto exemplo

daí o recurso fácil à

paráfrase

daí a sua queda a pique

no buraco

fundo do

Errrrrrro.

 

         Sim com sete r’s!

        

              III

Engasgática? Sim!

fusão de

“engasgar”

com “enfática” ou seja

personagem que engolindo o seu

azeite se engasga enfaticamente.

 

E isto existe? Não existia

     mas agora existe!

 

                             ***


        Acrescento em fogo

 

Heraclito morreu no esterco

como todos os homens inteligentes!


Já essa tua unha imaculada 

                   pintada de vermelho

será eterna no rol infinito

das futilidades esquecidas. 


E nem cromos recebidos – esses

tão ilustres prémios -

salvar-te-ão

pois como bem sabemos

esses destinam-se apenas

à Editora.

 



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