GENEROSIDADE

PELA (TA)BORDA FORA



Rata Ritinha Rita
que tanto Herberto Helder regurgitas
nesses lábios infantis de mulher
vem em minha salvação
defender-me dos monstros da noite
das pragas do vento e dos lobos maus
dos homens que amei e que
hoje são medíocres
- como são medíocres os
teus poemas!

E agora que te peço
vivamente
agora que te escrevo
peço-te todos os adiados autógrafos amarelos
aqueles que continuo a desprezar como
essa tua língua de mulher
já morta.
Ainda que entre todos os
teus maus poemas
este seja o único com nitidez
a nitidez da mordedura certa –
mistura de ego mordido e espinha defeita.
Andas já coxa? Ou
soube o verme
ainda que ao de leve
morder-te a língua em falsa
ferocidade.

E Porquê? Para quê?
A foca já não corta a rata?
A faca já não te ata a mata?
A fera já não ata a mola?
Ata mata rata foca!
Mother Foca!

Mas apesar de tudo
foi com alegria que vi que a amizade
entre Deusa e tonta ninfa
outra académica do desprezo
é ainda possível
nos planaltos da cidade das labaredas.

Grita Geme Xinga
reequaciona todos os versos de Helder
e como académica morta
enfeita paredes
enfeita paredes
enfeita paredes
e sempre que possível diz poemas
na televisão
para contentamento
de tudo aquilo que representas (e muito bem)
o estado decrépito do mofo
do passado!

Tu mulher
loira
que só ama homens vulgares
(na lista onde não me encontrarás)
nomeia-te em beleza a beleza que não tens
para que a cidade das labaredas
te enfeite o corpo moribundo
o que já se queima
no fogo destas labaredas!

Tu que gostas de Orelhas
recolhe em tempo útil
a lição do França. Aquela que não recolheste

E regurgita regurgita
regurgita

com muita
ferosidade! 



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