DO “ELOGIO MÚTUO”

AOS MUI VENERADOS DOUTORES ENTRE A

ACADEMIA NACIONAL E A ACADEMIA DO BRASIL

 

Senhores! Senhores!

Venham assistir a mais um espéculo das letras.

Sejam bem-vindos ao renovado “elogio mútuo”

desta vez a escala alargada. Isso da poesia não dá

dinheiro a não ser que seja para vender no brasil!

Se duvidas houvesse bastaria passar os olhos pelo

triste facebook das tristes feras para entendermos

os elogios mútuos em cascata. “Não não passe você

primeiro”. “Não não eu insito passe você primeiro”.

“Oh meu caro tanta é a tua generosidade”. “Amanhã

levar-lhe-ei uma perna de franco se o seu guisado

aqui ficar pronto até às quatro horas de Lisboa”.

 

Aqui não se falará de porcelanas em velhos salões

nem do coração de Pedro IV nem do olhar da Gabriela

(não essa do oco barrigão) mas da do cravo e canela

nem do tráfico de escravos antigos nem do tráfico

moderno e pós-moderno de escravos altermodernos.

Nada disso se dirá! Só anotaremos sarcófagos corpos!

Ou melhor dizendo só ditaremos corpos sem sarcófagos!

 

A poesia nacional pode ser dividida assim à pressa

como um fazer de prefácio a três fortes dentadas.

A dos poetas que cedo (ainda sem bico) souberam

mamar na teta dos doutores para irem direitinho

às cadeiras confortantes de Santa Bárbara essas

para iluminados que usam a velha técnica da

impressão para passar fotografias a desenhos

e na voltam criarem poemas sobre aviões quase a

cair. E só não caem porque estável é o salário!

A dos Mamas_e_Tetas que se multiplicam em várias

manobras de diversão entre o soneto a écloga e

entre todos os centros comerciais da zona norte

com direito a festivais de leitura de poesia e a

reuniões para fazermos a distinção entre A e A.1.

“Teria paixão o morto ali do quinto direito ou não?”

E dos que sem me esquecerem fizeram uma bela

recensão ao meu extraordinário livro de PórZia.

Esses que vêm em baixo avisar ao público distraído:

"Eu escrevi poucas resenhas na vida. Esta é uma

Delas! Um fabuloso telegrama de mandar para o

caixote de lixo em três tempos. Não fosse o velho

patrocínio e orientaçãozinha da minha inesgotável

gata lá de casa. Esta que sonha sempre com uma

mulher a afogar-se ou o alisar duras cobras.


Eis a grande poesia além atlântico além barril.

Ao serviço da Má_onda enchemos todo o brasil!

 

 

Vítor Teves

12.08.2022





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