CANINA
Longe vai o
tempo em que atrás do balcão
forçava sorrisos
a ver se vendia mais um livro.
Banal furor de
se ver e atirar para o lado!
Pálida e
tísica como uma cona à espera de ser
lambida era
ela ali com todos os sinais de
frígida que
nunca conheceu homem.
Pedindo
dedos! Pedindo dedos!
Mas isso era
antes do segredo da criação
do enigma
forçado tão forçado que qualquer
leitor minimamente
atento encontrava-lhe
facilmente
as costuras. Pavão com coral
o fim do
mundo ali ao fundo com a avó de gaia
e na volta
uma seta apontada a um "deus" de
Vila de
Conde. Mas isso foi antes dela subir
as escadas
para o jantar no Inês de Castro.
Todas as
vezes que a arrumadora de carros
a convidava
a participar no sarau das Lésbicas
do Porto ela
fazia-se rogada como se o pavão
do Palácio
de Cristal apenas corresse para ela
e para o
canto das tísicas do Norte. Forçava
uma pureza e
virgindade que não tinha e
tão bem que
era dissimulada com pouco sal.
Eu como gay
que sou nunca lá meti os pés!
Passara cedo
a mão no careca de lisboa
metera o
dedinho na saída do marquês cortês
e da Oxónia
deusa ficava pelo elogio na cara
e a
cuspidela à saída da pastelaria. Ela era dizia
para o seus
botões de latão superior osso fino
mandibula de
verme banhado a enigma de ouro.
Não seria diferente
sua majestade seca aqui
marcando o
ponto. Aqui marcando o prato com
finos dedos que
outros vêm lamber sem se
darem conta
da podridão acumulada na voz.
Quem me dera
ser um “Gavetado” negro e
maricas (um
aristocrata maricas!) para me
rodear de
cantos femininos fazer dos gemidos
uma Arcádia uma
nova ilha de Lesbos.
Mas faltou-me
a vontade de me fazer útil
a tão
sublime estirpe de dogmáticos adorando
conas
bezerros tristezas revestidas a falso ouro.
Vítor Teves
2º versão
8.08.2022
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