
O RELÓGIO DE CUCO Na velha sala aristocrática o velho pintor cheio de medalhas desfilava pela tarde todos os enormes troféus de luz. Amontoara prestígio e troféu atrás de troféu ganhara subtil voz! Parecia um Benfica na província! De pantufas e robe de cetim pedia clemência todas as vezes que o cuco vinha retirar-lhe mais uma preciosa hora à sua garganta de seco melro. Insistente o relógio ditava hora após hora novo parâmetro novo rumo nova e roubada ideia e isto irritava a luz da velha galáxia. Era ao grito do cuco que lhe lembrava da lista de pessoas a que devia pedir desculpas pelo uso e abuso da sua inteligência . Como bom artista que era sabia bem que não tinha ego para suportar outro de menor porte. Assim era ele na sala de pantufas onde ditava longas ideias inteiramente origi nais fruto de muitas leituras - a ler e a roubar a tantos outros. Mas estava convicto como bom artista que era que tudo o que tinha era exc...